QUEM SOMOS

PARCEIROS

BÍBLIA SAGRADA

CADASTRE-SE

CONTATO


Quase todo mundo literalmente - já leu, ao menos uma vez, o poema Pegadas na Areia. Em versos singelos, ele é uma mensagem que tem confortado e inspirado milhões de pessoas há exactos 40 anos. O relato é simples. Uma pessoa observa a trajectória da sua vida na forma de pegadas deixadas na areia. Ao lado das suas, há outro par de pegadas deixadas por Jesus Cristo, numa metáfora de que o Senhor sempre caminha ao lado daqueles que n’Ele confiam. Em dado momento, contudo, o peregrino percebe que há apenas um par de pegadas marcadas no solo - justamente nos momentos mais difíceis da sua vida. Então, indaga ao Mestre porque o deixara sozinho nas horas de aflição. Jesus, então, responde ao seu interlocutor que só havia um rasto porque ele estava a carregá-lo nos Seus próprios braços.

Um dos poemas mais conhecidos de todos os tempos, Pegadas na Areia é particularmente querido pelos crentes, que encontram ali uma síntese do Evangelho. Ele já foi reproduzido de todas as formas, em quadros, cartões, marcadores de livros, ornamentos, T-shirts e uma infinidade de produtos. Inúmeras residências, escolas, escritórios e hospitais ostentam, na parede, flâmulas com o texto impresso. 

Normalmente considerado anónimo, o que poucos sabem é que o autor, ou melhor, a autora de Pegadas na Areia tem nome e sobrenome. Trata-se da Canadiana Margaret Fishback Powers, que, além de ser uma crente convicta, mantém um ministério internacional voltado para a evangelização de crianças. 

"Muita gente pensa que Pegadas na Areia é fruto apenas da minha criatividade. Porém, para mim, o poema foi uma experiência bem real, composto num momento de grandes expectativas e poucas certezas na minha vida", diz a autora. 

A sua proximidade com a fé e as letras vêm de longe. Desde a adolescência, quando era missionária e dava aulas a crianças em Quebec, no Canadá, ela demonstrava talento especial para escrever. A história do poema começou quando Margaret foi para um retiro de jovens da igreja, auxiliando o então namorado Paul, um dos responsáveis pelo evento. "Era o dia de Acção de Graças de 1964 e, ao chegarmos, fui dar uma volta na praia com ele", recorda. O compromisso era recente - estavam juntos havia apenas seis semanas - e Paul acabara de pedi-la em casamento. Entretanto, o jovem casal tinha poucas esperanças de futuro. "Éramos muito diferentes um do outro. Paul tinha um passado marcado pela violência e drogas. Não tínhamos perspectivas profissionais ou financeiras pela frente e nem mesmo sabíamos se as nossas famílias e a igreja iriam apoiar-nos", conta Margaret.

De volta do passeio, os dois notaram que as ondas apagaram algumas pegadas, deixando apenas um par visível. "Talvez isso seja um prenúncio de que os nossos sonhos serão levados água abaixo", sugeriu ela. "Não!", protestou Paul, para, então, tomá-la nos seus braços e concluir: "Teremos turbulências, mas seremos um só na caminhada. E o Senhor tomar-nos-á assim, em Seus braços, se confiarmos e tivermos fé n'Ele". Aquelas palavras românticas ficaram marcadas no íntimo da jovem. Naquela noite, ela não conseguiu dormir e orou bastante. No dia seguinte, apresentou ao namorado não apenas a sua certeza em Deus do casamento e futuro dos dois, mas o poema que, anos depois, tanto sucesso faria, ainda com o título “Eu tive um sonho”.

Paul fez questão de declamá-lo a todos no encerramento do retiro. Margaret não podia mesmo ter a menor noção da proporção que tomariam os versos simples que acabara de escrever. Anos depois, já casada, ela reencontraria a sua obra de forma completamente inesperada. O seu marido sofreu um acidente e recuperava no hospital. 

"Eu estava na UCI, e uma enfermeira, querendo consolar-me, segurou na minha mão e começou a recitar o poema", conta Paul Powers, hoje um respeitado pastor baptista em Vancouver, no Canadá. E as surpresas não pararam. Tempos depois, qual não foi o espanto de Margaret ao se deparar na rua com um imenso outdoor que estampava os versos? "Voltei para casa a correr, toda eufórica", lembra.

A partir dali, a luta foi provar que o poema, já então conhecido como Pegadas na Areia, não era anónimo. "Tínhamos mais de 200 testemunhas que o ouviram e receberam uma cópia naquele retiro. Além disso, ainda o havia escrito na abertura do nosso álbum de casamento, em 1965", explica Margaret. A sua autoria foi finalmente reconhecida. 

Margaret não arrisca dizer como Pegadas na Areia se espalhou pelo mundo, nem a quantos lugares já chegou. Mas certamente são muitos. Apenas o livro que conta a sua história, e que foi agora lançado em Português no Brasil, já foi publicado em mais de 20 países. "É o agir de Deus", simplifica a autora, uma simpática senhora que prefere não revelar a idade. Ela já escreveu dez livros e compôs outros 16 mil poemas, a maioria com temática cristã. Alguns também são bastante conhecidos pelo público, como Carta de um Amigo, que muitas igrejas utilizam como material evangelístico.

O talento literário da poetisa também é instrumento de acção social. O casal criou e dirige a Little People Ministry Association, ministério interdenominacional que promove assistência a crianças de todo o mundo. "Agora estamos a treinar jovens que trabalharão na evangelização infantil em países como Tailândia, Costa Rica, Japão e no Caribe", diz Paul Powers.

Uma boa parte dos recursos do ministério vem dos direitos de autor da obra de Margaret. Além disso, os seus textos são alguns dos principais recursos didáticos do Little People, usados nas aulas para crianças em milhares de escolas, hospitais e orfanatos.

Naturalmente, a autora tem recebido, ao longo destes anos, inúmeros relatos de gente que associa Pegadas na Areia a alguma situação de suas vidas. Geralmente, são pessoas que encontraram no poema alento em situações de dor, doença ou morte. 

Um dos casos que mais a emocionou foi o de um soldado americano na primeira Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991. "Li num jornal que um fuzileiro sobreviveu inexplicavelmente ao atravessar um campo minado". O curioso é que o recruta passou pelo terreno sem saber das minas enterradas, que só foram descobertas pelos peritos em desminagem depois. Algumas minas estavam exactamente ao lado das suas pegadas. "Muita gente disse que foi pura sorte, mas o rapaz fez questão de mencionar o poema e dizer que foi Cristo que o carregou nos braços ali"; comenta Margaret.


Palavras que inspiram e consolam

Uma noite eu tive um sonho. 
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e, através do céu, 
passavam-se cenas da minha vida. 
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados dois pares
de pegadas na areia; um era meu e o outro, do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, 
para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, 
no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e 
angustiosos do meu viver. Isso entristeceu-me deveras, e perguntei, 
então, ao Senhor: "Senhor, Tu disseste-me que, uma vez que eu 
resolvera te seguir, tu andarias sempre comigo em todo o caminho, 
mais notei que, durante as maiores tribulações do meu viver, havia na areia 
dos caminhos da vida apenas um par de pegadas. Não compreendo 
porque, nas horas em que mais necessitava de ti, Tu me deixaste".
O Senhor respondeu-me:
"Meu precioso filho. Eu amo-te e jamais te deixaria nas horas da tua 
prova e do teu sofrimento: Quando viste na areia apenas um par de 
pegadas, foi exactamente aí que Eu te carreguei nos braços".